Por Letícia Lima
Um dia depois de participar de reunião do Diretório Nacional do partido, o deputado Elmano de Freitas (PT) foi à tribuna da Assembleia Legislativa, ontem, afirmar que, preso ou não, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será registrado, no próximo dia 15 de agosto, como o candidato da legenda à Presidência da República. O petista afirmou que a campanha eleitoral do PT, este ano, será a “mais militante que esse País já viu” e voltou a chamar de perseguição política o processo, envolvendo o tríplex de Guarujá, que condenou Lula a 12 anos e um mês de prisão.
Elmano criticou o fato do processo ter sido remetido à Justiça Federal de Curitiba e não ter sido julgado em São Paulo, onde está localizado o apartamento no Guarujá, atribuído a Lula, como propina devida pela empreiteira OAS ao Partido dos Trabalhadores, por obras na Petrobras. “Quando alguém é acusado de um crime, quem deve apurar o crime é o juiz daquele local. Depois, o Poder Judiciário no Brasil tem a capacidade de dizer que o mesmo apartamento pertence ao presidente Lula e uma juíza tem uma sentença, dizendo que o apartamento é da OAS”.
Ainda segundo Elmano, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) teria constatado, durante ocupação, na semana passada, no imóvel, em São Paulo, que ele não apresenta o elevador e a cozinha, relatadas no processo. “Portanto, o que nós temos no caso do presidente Lula é uma decisão política de quem, como nós do PT, está fazendo pesquisa e o presidente Lula lidera para vencer as eleições no primeiro turno, que, no Nordeste, já conta com mais de 65% das intenções de voto espontânea”.
O parlamentar criticou, ainda, os pedidos de visita ao ex-presidente Lula, negados pela Justiça de Curitiba, entre eles do pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT). “O Código de Processo Penal diz que qualquer preso pode receber a visita de seus advogados, familiares e de seus amigos. O que está por trás disso? É que se quer que o povo esqueça o presidente Lula, vamos deixar de falar de Lula, porque lembrar de Lula é lembrar do Bolsa Família, é lembrar do salário mínimo crescendo, é lembrar do emprego”, defendeu.
O petista citou a carta enviada por Lula ao partido, na qual, segundo Elmano, ele tranquiliza a todos e diz que tem “absoluta consciência” que está vivendo uma “perseguição política”. O deputado disse que, na carta, Lula pediu também que os petistas ficassem “à vontade” para tomar a decisão que lhes parecessem mais adequada, em relação à disputa presidencial de 2018. Mas, segundo Elmano, o diretório decidiu, de forma unânime, que registrará o nome de Lula como candidato do PT à Presidência da República, no próximo dia 15 de agosto, data estipulada pela Justiça Eleitoral.
“Porque estamos convencidos de que, como na África do Sul, prenderam um homem negro, porque não aceitavam que um negro entrasse no ônibus dos brancos, no Brasil, alguns da elite não aceitam que os filhos dos pobres entrem na faculdade dos seus filhos, acessem os melhores empregos e é por isso que o presidente Lula está preso”, acredita.