A evolução da tecnologia a passos largos traz também algumas preocupações, sobretudo do ponto de vista social.
Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), 30 milhões de empregos formais no Brasil serão substituídos por robôs até 2026, e os impactos dessa mudança precisam ser amplamente discutidos. Esse foi um dos pontos abordados na 100ª Reunião do G100 Brasil, grupo que reúne alguns dos principais empresários, presidentes e CEOs do país, realizada quinta-feira, 14, em São Paulo.
O presidente da IPSOS Brasil – Pesquisas de Mercado e Consultoria – e especialista no assunto, Marcos Calliari acredita que o tema precisa, urgentemente, entrar na agenda do governo e das entidades públicas e privadas para que os impactos sejam minimizados. “É uma perspectiva preocupante, porque temos muitas vagas que são automatizadas e cortadas, e isso gera um aumento no nível de desemprego incrivelmente alarmante. É uma discussão que foi deixada de lado por conta do contexto do país nos últimos anos, porém, com a retomada econômica, é essencial que ela volte pra agenda, porque o risco social é altíssimo”, alerta Calliari.
Segundo ele, a discussão passa por uma reflexão inevitável de como adaptar as práticas atuais de trabalho à nova realidade. “É preciso garantir que mudemos as práticas de trabalho tradicionais pra nos adaptarmos a essa nova realidade. Uma jornada de trabalho menor pode ser uma solução, porque dessa forma as pessoas conseguem manter atividades remuneradas. Em países com alta taxa de automatização, há um índice de horas trabalhadas muito menor”, completa o presidente da IPSOS Brasil, que recentemente lançou o estudo “Flair Brasil 2019: O Som e o Ruído”, estudo que traz uma análise sobre o comportamento do brasileiro e um panorama para o futuro do país.
“As empresas também precisam preparar seus funcionários para essa transição, é uma de suas obrigações corporativas”, conclui Calliari, que vê as empresas como incentivadoras dessa automatização por conta da produtividade, sem a percepção de um resguardo social com a perda de emprego.