Antigamente, quando falávamos em backup, era sempre necessário ter algum tipo de mídia física. Armazenar o conteúdo dos arquivos que queríamos salvar necessitava de disquetes, CDs, DVDs e pendrives. Felizmente, soluções em nuvem foram criadas e salvar nossos arquivos ou até mesmo compartilhá-los virou uma missão bem mais tranquila. Quando o assunto é computação em nuvem ou cloud computing, tanto empresas quanto pessoas comuns têm mais ganhos do que perdas. Para as empresas, redução de custo de armazenamento físico dos dados é uma das vantagens. Outra é que funcionários podem trocar informações com a nuvem e trabalhar de qualquer lugar, até de casa. O sonho do home office é uma realidade nos tempos atuais cada vez mais forte. “A tecnologia com videoconferência é um grande facilitador para que o profissional do futuro possa trabalhar de onde quiser. A troca de arquivos em nuvem, sem perder qualidade ou agilidade, também mudou o panorama nesse sentido,” explica Gil Van Delft, presidente do PageGroup no Brasil.
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Camila Zoé Frias, gerente de Comunicação do Google para a América Latina, afirma que a tecnologia da nuvem está presente no dia a dia de muitas pessoas, com diversos serviços utilizando dessa solução, seja para armazenamento on-line de arquivos, troca de mensagens, uso de chats digitais, entre diversos outros exemplos. “Com o trabalho e o estudo remoto se tornando mais necessários por conta da pandemia, estamos vendo uma aceleração na busca pela nuvem, além de observar o aumento no número de empresas que estão migrando suas diferentes cargas de trabalho para o modo remoto, com o objetivo de contar com seus benefícios como maior segurança, auxílio de ferramentas e práticas que garantam, maior velocidade e facilidade na execução de tarefas e mais segurança”, esclarece Frias.
Ela também reforça que a alta adoção da suíte de aplicativos de colaboração do Google Cloud, o G Suíte, mostra que este movimento de uso de recursos na nuvem não para de crescer. “No início do ano, a ferramenta atingiu os 6 milhões de usuários globais, entre os pacotes empresariais e educacionais. O Google Meet, ferramenta de videoconferências do G Suite, atualmente soma mais de 3 milhões de novos usuários diariamente, hospedando o equivalente a 3 bilhões de minutos de videoconferências. Em abril, a ferramenta ultrapassou os 100 milhões de participantes de reuniões todos os dias”, afirma a gestora.
Sérgio Barreira Uchôa, gerente de Desenvolvimento da Hostweb, empresa do Grupo Secrelnet, completa o que explica a gestora do Google Cloud dizendo que não há como pensar o mundo atual sem falarmos em computação em nuvem. Para ele, o consumidor não tem nem opção. Ele já usa a nuvem mesmo sem perceber. “Mesmo que não queiram já usam serviço na nuvem. Uma série de comodidades hoje em dia já fazem uso da nuvem. Fazer backup do celular, usar mensagem instantânea, recomendação de mapa, roteirização, trajetos, tudo isso só funciona por conta da nuvem. As pessoas podem optar é por comprar um serviço na nuvem. A maioria delas só usa serviço gratuito, mas o pago está se difundindo. Streaming de música como Spotify e Deezer estão em nuvem. O valor pago não é tão caro e já começam a se popularizar. Tem gente que nem sabe como vivia antes do Netflix”, afirma.
João Nunes, diretor de nuvem da Microsoft Brasil, concorda com que fala Uchôa. Para a Microsoft, a nuvem é um dos grandes motores tecnológicos da transformação digital, trazendo mais eficiência, produtividade e um ambiente de trabalho mais moderno para as empresas. “O poder e a importância da adoção da nuvem, vai muito além do backup de dados. A adoção dessa tecnologia proporciona mais rapidez e agilidade para o negócio, através de uma extensa gama de serviços e funcionalidades, incluindo recursos de Inteligência Artificial”, disse Nunes.
Para as empresas, Uchôa acredita que não é uma questão de se vai, mas quando vai, como vai e por que vai usar a nuvem? “A questão é muito certa. Vou dar uma situação comum no nosso trabalho. Um cliente chega para nós e diz que vai aumentar o projeto dele e nesta hora o cliente tem a opção de ou aumentar uma estrutura em casa ou terceirizar tudo com data center na nuvem e se focar no negócio dele. Nós conseguimos vários clientes na área de varejo, mercantil, por essa questão. Aqui em Fortaleza os mercadinhos estão crescendo muito e esse pessoal tem cada vez menos tempo para se concentrar em trocar HD ou máquinas. Vários deles são clientes nossos por isso. Eles passam a se concentrar no negócio deles e deixam essa parte técnica conosco. Eles vão focar em produto, atender melhor o cliente etc.”, garantiu Uchôa.
Frias afirma que, de acordo com a consultoria IDC, o formato de nuvem que mais cresce é o multi-cloud. “Mais da metade das empresas da América Latina devem integrar o gerenciamento da nuvem nesse tipo de estrutura até 2020. Essa opção permite que as empresas combinem opções de serviços mais competitivos ou adequados ao seu objetivo, fornecidos por diferentes provedores de nuvem. Para facilitar essa adoção, o Google Cloud oferece a solução Anthos, que permite o gerenciamento de um estrutura multi-cloud eficiente, onde é possível modernizar aplicativos e, ao mesmo tempo, implantar novas funcionalidades, além de reduzir a sobrecarga operacional e melhorar a produtividade dos desenvolvedores”, explica.
Quando migrar
Segundo Diego Santos, gestor de Tecnologia e Inovação da Locaweb, o estágio de migração é considerado quando a empresa tem ao menos base de governança, técnica e operacional para consumo por uso, para migrar com eficiência os ambientes. “Nesta fase, para uma migração eficiente, é fundamental considerar o desenho de projeto que minimize o risco de falhas e maximize o ROI (Return Of Investiment ou em português Retorno de Investimento). Muitos projetos ambiciosos de TI falham porque eles são baseados em estratégias e planos inadequados. É crítico classificar, sequenciar e ter um plano e método que sejam aderentes às cargas de trabalho, ambientes e até cultura da empresa”, afirmou Santos.
De acordo com Santos, a empresa precisa avaliar se existe um roteiro de migração que contemple um plano com recursos e detalhes sobre as atividades da ação. “O roteiro é usado para definir a ordem e dependências de suas iniciativas para atingir as metas estabelecidas, fundamentado em uma arquitetura que suporte os requisitos do negócio e a conformidade com políticas de governança”, completa.
Por fim, o gerente da Locaweb afirma que além da migração é fundamental pensar no pós também. Para chegar a esse estágio, uma empresa que já tenha passado pela migração entra no desafio de amadurecimento como loop contínuo, não um destino final. “Uma vez na nuvem é crítico no sucesso de uso desta tecnologia a manutenção com otimização de processos que viabilizarão a redução de custos e melhoria contínua de serviços, ponto em que se permite perceber o verdadeiro valor da transformação e uso da tecnologia cloud”, encerra.
Pessoa física
Para você que não tem uma empresa há algumas ótimas soluções de nuvem para salvar seus arquivos da faculdade, do colégio ou mesmo da empresa. Para você que tem notebook, desktop e celular, ter acesso a algum tipo de nuvem é vital. Hoje em dia, há ótimas máquinas com pouco armazenamento (128GB ou 256GB) e celulares com 128GB que podem parecer muito, em primeiro momento, mas depois de tantas fotos e vídeos começam a ficar pequenos. “O ambiente em nuvem permite uma série de benefícios tanto para as empresas, quanto para pessoas físicas. Uma delas é a flexibilidade de acesso aos arquivos de qualquer lugar e em diversos dispositivos; e outra é a segurança. Atualmente, com a nuvem, nem mesmo o backup de arquivos é necessário. Um exemplo disso, é o Google Fotos que é uma ferramenta em nuvem que já salva automaticamente as fotos que os usuários tiram com a câmera de seus smartphones”, afirma porta-voz do Google.
Além do Google, a Microsoft está no mercado com ótimas soluções de nuvem com preços que começam em 9 para 100GB, além da versão de 5GB gratuita. Há também soluções conjuntas com o Office 365, um pacote que também inclui programas consagrados da empresa como Word e Excel. Estas soluções podem ser importantes para pessoas que não pensam ou não podem largar a dupla de soluções citadas acima. O Excel é notório um dos principais programas de planilha eletrônica do mundo para pessoas comuns. Então, é complicado abandoná-lo em troca de outro produto.
Outra solução, essa usada por usuários da Apple, é a iCloud. Além da solução grátis de 5GB, a Apple oferta 50 GB por R$ 3,50, 200 GB por R$ 10,90 e 2 TB por R$ 34,90. O que a Apple oferta é interessante para quem já é cliente dela com iPhones, iPads e MacBooks. Porém, muitos consumidores que têm estes produtos preferem outras nuvens, principalmente a do Google.
Ainda há soluções como Dropbox que tem custo mensal de US$ 9,99 quando pago anualmente e você tem direito a 2TB no plano Plus. No plano Profissional você paga US$ 16,58 por mês na assinatura anual e tem direito a 3TB.
Segurança
Estamos na era da tecnologia, mas cada dia mais também na era das invasões e ataques cibernéticos. Como garantir a inviolabilidade dos dados na nuvem? Segundo Frias, o Google Cloud, por exemplo, investe em soluções para garantir tanto a proteção interna, quanto a das empresas que estão em sua nuvem, seja com hospedagem de infraestrutura de TI, no desenvolvimento de aplicações e análise de dados, ou no uso das ferramentas do Google Cloud Platform (GCP). “A segurança é nossa prioridade e para isso, trabalhamos frequentemente para lançar aprimoramentos de dispositivos de segurança, como os controles de serviço da VPC, criados para garantir a privacidade de dados, ou ainda o Programa de Proteção Avançada, para contas do Google de usuários com maior risco de evidência, como líderes empresariais e jornalistas. Também tomamos medidas como a Central de Alertas do G Suite, onde fornecemos orientações básicas aos colaboradores para que tenham consciência sobre ameaças digitais. Disponibilizamos ainda um relatório de transparência, onde compartilhamos dados que mostram como políticas e as ações afetam a privacidade, a segurança e o acesso à informação on-line”, garantiu.
A gerente de Comunicação do Google para a América Latina reforça que o G Suite possui por padrão controles avançados de phishing e malware, uma norma fundamental de todos os produtos e serviços do Google Cloud. “Esses modelos de combate a golpes buscam e analisam sinais de segurança em anexos, links e imagens externas, com o objetivo de bloquear ameaças. Conforme novos ataques são descobertos, são acrescentados à infraestrutura do Navegação Segura, assim, qualquer pessoa que use essa interface do Google Cloud estará protegida. Para se ter uma ideia, somente em abril, o Gmail chegou a contabilizar 18 milhões de mensagens diárias com malware ou phishing no mundo todo”, encerra.
Vale a pena?
Sim, vale muito. O backup mídia física ainda pode e deve ser usado sempre que possível e se não for aumentar demais o custo. Porém, a segurança de se ter os arquivos na nuvem é uma vantagem a ser considerada. É muito válido tanto para empresas quanto para você que está concluindo o seu curso na faculdade e quer um lugar seguro para guardar os documentos para a monografia que te levará a formatura. Analise os custos do processo de migração de seus dados para a nuvem e, principalmente, da manutenção antes de contratar. Também é bom avaliar a criação de senhas fortes e esquemas de dupla autenticação sempre que possível para evitar invasões.