O Durangolino, personagem cafa que distribuía o polêmico vale-night nas baladas, se despede para dar lugar ao ecologicamente correto O Reiciclável. Sim, o desenvolvimento sustentável chegou até no universo – “superconscientizado” – do axé. O novo alter ego de Durval Lelys, do Asa de Águia, foi apresentado oficialmente no Festival de Verão de Salvador e tem como fantasia uma coroa de garrafa pet, cabelo de sacola plástica e abadá cheio de acessórios: palitos, caixas de fósforo e outros materiais que no fim da sua vida útil possam parar no  lixo. Quem assina a “roupa” é a estilista Valéria Kaveski.

Com um discurso voltado à preservação ambiental, a intenção do irreverente vocalista é boa e vem a calhar, mas, como nos outros hits do grupo, sempre tem um momento “o que tem a ver?”. A melhor parte que retrata esse lado non-sense segue abaixo: 

“O mundo balança
Rolou tsunami
Quem entra na dança não pode parar
Maré, maremoto
Chegou terremoto
Se não cuida o mundo pode acabar”

Quem é que pensa em cair na festa em tragédias ambientais?  

Tem mais: na introdução de “O Reiciclável”, versão ao vivo que disponibilizamos acima, o cantor força um duplo sentido para o verbo reciclar e explica o novo “Rei” foi idealizado ano passado, com “toda aquela onda de conscientização, em fazer um carnaval sustentável carbono zero”.

“Aí pensei: ‘depois do vale night, só tem um jeito: é reciclar, reciclar seu coração, reciclar a vida, reciclar o amor. Pra vc maninho, que á triste, já foi reciclado pela sua namorada três vezes, nunca se esqueça que até no lixo você tem utilidade. Então, a sua esperança é que você vai será reciclado, não sei por quem!”. Bizarro, né?  Pior que é disso que o povo gosta!